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domingo, 27 de junho de 2010

Catequista NÃO é voluntário

Frequentemente as pessoas que trabalham dentro da igreja são tidas como voluntárias.

Segundo o dicionário Michaelis, voluntário é o indivíduo que faz ou deixa de fazer, sem coação nem imposição de ninguém; que depende do livre-arbítrio para fazer ou deixar de fazer, espontaneamente, por vontade própria, sem constrangimento ou obrigação.

Para algumas pastorais ou serviços o adjetivo pode até ser aplicado, mas para o catequista, NUNCA.

O voluntário como vimos na definição é aquele que faz por vontade própria e, portanto, não tem compromisso em continuar fazendo ou não, podendo deixar a qualquer momento o seu trabalho.

O "catequista" que se considera voluntário, ou age como um, definitivamente não é catequista. Pode ter o título, mas não passa disso, e é fácil identificar aquele que é "catequista voluntário", pois esse não tem compromisso com seu trabalho, prioriza outras coisas, trabalha em várias pastorais ao mesmo tempo e escolhe a reunião que quer ir, e quando algo não esta de acordo com aquilo que acredita, escolhe, espontaneamente, deixar o trabalho de lado, sem ao menos procurar solução. Esse definitivamente é mais um como muitos que "atiram para todos os lados" e nunca acertam o alvo.

O voluntário não serve para ser catequista e se for deve deixar a catequese, pois NUNCA fará um bom serviço. Ele age como quer e quando quer. Ele ensina a palavra de Deus, não a prega, não a vive em seu dia-a-dia e normalmente da contra testemunho.

O verdadeiro catequista é VOCACIONADO. Ele ouviu e acolheu o chamado de Deus em seu coração.

O vocacionado faz da catequese uma extensão de sua vida. Ele a prioriza sobre os outros trabalhos ou serviços que faz e procura SEMPRE estar presente nos eventos da catequese, seja reunião, formação ou eventos.

O CATEQUISTA vive a palavra a Deus e a prega com sua vida dando testemunho daquilo que fala. Ele cativa pelo amor e pela fé. Os seus olhos têm um brilho diferente, pois refletem todo o amor de Deus neles.  Ele não fala por si próprio, mas deixa Deus falar em seus atos e por sua boca. A vontade de Deus se torna seu dever.

Claro que para ser catequista não precisa ser um "super-homem" ou uma "mulher maravilha" até porque isso é impossível. O catequista é uma pessoal normal, que chora, briga, tem medos e ansiedades, mas procura com todo o seu coração ser uma pessoa melhor.

Sem dúvida alguma a catequese é a pastoral mais importante da igreja, pois todos, sem exceção, já passaram por ela, sejam como catequizandos ou catequistas.

Nossa missão é muito importante, pois falamos da e pela igreja. Somos, juntos com os padres e evangelizadores, a voz de Deus no meio do povo. Somos exemplo e referência para muitos. O mau exemplo de um catequista pode fazer com que uma pessoa se afaste para sempre da igreja e o bom exemplo, pode trazer definitivamente um novo filho de Deus para os braços do pai.

Já é hora de todos nós assumirmos de vez nossa missão, nossa vocação com amor e dedicação.

A oração é a ferramenta para chegarmos onde Deus quer e a doação incondicional é a nossa resposta de agradecimento a Deus por ternos escolhido para essa tão bela missão.

Louvado seja nosso Pai, nosso senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo para todo sempre. Amém.

Abraços a todos

Carlos Garcia, um catequista imperfeito, mas vocacionado.

 

"Gálatas 2:20 - logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim."



quinta-feira, 24 de junho de 2010

Será que somos catequistas de vidrinho?

Hoje fui participar de minha primeira reunião de Decanato. Apesar de estar meio que "peixe fora d'água", vi algumas realidades e ouvi alguns questionamentos muito interessantes.

Dentre eles um dos que mais me chamou a atenção foi um simples  comentário que:

"Há muitos catequistas de vidrinho por aí. Qualquer coisinha, quebra."

E quanta verdade não há nessa frase?

E o pior é que o catequista de vidrinho, além de quebrar com facilidade, deixa pontas afiadas prontas a ferir...

Quantas vezes não vemos ou até somos esse tipo de catequista frágil, melindroso, que qualquer coisinha esta chorando pelos cantos, reclamando da vida...

Diante dessa situação surge a pergunta. Será que nós também não somos hoje "catequistas de vidrinho"? Será que já não quebramos e estamos cheios de pontas afiadas?

Temos que refletir muito, pois se qualquer coisinha nos derruba, nosso discurso tende a se tornar vazio, sem vida, sem frutos...

Se somos espelho de Jesus, nossa vida, por pior que esteja, esta fadada a vitória e não a derrota. A esperança tem sempre que estar presente, pois se acreditamos e pregamos o Deus vivo, que tudo pode, que tudo muda, que tudo transforma, então porque temos que temer?

Temos que ter sempre em mente que a batalha existe, principalmente a interna, por isso temos que nos revestir da armadura de Deus...

Ef 6, 10:13-17 - "Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus..."

Temos que nos revestir dessa armadura e seguir sempre em frente. Se cairmos, não há o que lamentar.

Temos que prontamente estar dispostos a batalha, no entanto, para um bom soldado estar pronto a batalha ele tem que exercitar, ser forte. Felizmente o exercício do cristão, a oração diária, é simples, mas como todo exercício só dá resultado quando praticado diariamente.

Deus não nos fez de vidro, Deus nos fez a sua imagem e semelhança para sermos fortes, santos e irrepreensíveis (Ef 1,3ss)

Assim devemos ser.

Que assumamos nosso compromisso com amor, carinho, confiança e esperança...

Fiquem com Deus.

Carlos Garcia

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Apoio ao Catequista - Abraão, pai do monoteísmo, pai da fé

Todos nós catequistas, com alguns anos de caminhada, estamos cansados de ouvir e contar a história de Abraão, e quando ouvimos falar de Abraão, Moisés, entre outros, já pensamos..., de novo?

Ouvi em uma recente formação, a opinião de um grupo que afirmava o tema influi no interesse dos catequizandos e ou catequistas. Prontamente discordei, pois se olharmos a bíblia superficialmente, realmente não há nada de novo nessas histórias, mas se buscarmos compreender o gênero literário, a mensagem por detrás da escrita, a teologia nessas passagens, descobrimos mensagens e belezas ocultas aos olhos da grande maioria do leitores, mas que felizmente pode ser observada se pesquisada com carinho e fontes confiáveis.

Nosso olhar deve ir além, sempre além, buscando com suavidade entender a beleza e as atitudes e intenções, do narrador e do autor diretamente envolvido na história.

Hoje vamos falar de Abraão, um homem que saiu de sua terra, teve um filho com uma mulher estéril, quase matou seu filho a mando de Deus e por fim construiu uma grande nação.

A história deixa claro que Abraão foi um grande homem, mas será que temos a dimensão de tudo que ele fez ou foi?

Abraão é considerado o pai do monoteísmo, pois antes dele não existia propriamente uma nação que acreditava em um único Deus.

A história começa com Deus pedindo para Abraão deixar a sua casa e ir rumo a uma nova terra.

"Iahweh disse a Abraão: Sai de tua terra, de tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que mostrarei. eu farei de ti um grande povo, eu te abençoarei, engrandecerei teu nome; se uma benção." Gn 12,1-2

A princípio a missão é otimista, cheia de bençãos e grandezas. Mas mesmo assim exigia uma coragem e uma confiança que vai além da capacidade de muitos homens.

Temos que começar entendendo a ordem "Sai", dita por Deus. Deus tinha uma intenção bem clara em não fazer Abraão grande em sua terra natal.

Para isso temos que entender um pouco o que se passava naquela terra.

Abraão morava em meio a um povo politeísta, cheio de idolatria e costumes que não condiziam com o Deus grande e poderoso. que pedia apenas fidelidade.

Abraão ao sair de sua terra, abre mão de tudo que tinha. De seus familiares, de tudo que acreditava, de tudo que tinha vivido, já que não era mais jovem. Abraão já havia construído raízes, tinha uma vida estabilizada, com esposa e bens. Mesmo assim, em um ato de extrema coragem e principalmente obediência (ponto chave da história de Abraão), Abraão deixa tudo e vai.

Aqui começa a funcionar o plano de Deus. Abraão, sem influência daqueles que convivia (politeísta), esta livre para começar uma nova história, agora vivida a luz de um Deus grande e forte, realizador de grandes feitos.

Após a primeira ordem cumprida (sai de sua terra), chegava  a hora de se fazer uma grande descendência de Abraão. Mais uma vez Abraão se via desamparado e desiludido, já que sua mulher Sara era estéril.

Mais uma vez Deus age por Abraão, através de Sara, sua esposa, que mesmo idosa e cansada, gerá um filho. Aí estava o fruto, que bastava amadurecer para se cumprir a promessa de Deus, em fazer sair de Abraão um grande povo.

Quando tudo parecia bem, Deus exige mais uma prova de Abraão, matar seu próprio filho.

Mas será que Deus queria apenas testar Abraão? Abraão já não se mostrará fiel a Deus anteriormente? Ora, se Abraão matasse seu filho, como ficaria a promessa de Deus?

É chegado agora o momento de nós, catequistas, entendermos o gênero literário narrado nessa história.

Deus não queria que Abraão matasse seu filho, isso não é novo para nenhum de nós. Deus queria sim provar a fidelidade de Abraão, mas mais que isso, Deus queria, mostrar duas coisas a Abraão. Que Ele é o Deus forte, que cria e faz, e que Ele é o Deus da vida e não da morte.

Esse relato também é necessário para entender a história e o pedido de Deus. Naquela época alguns reis tentavam introduzir/reintroduzir em Israel costumes das religiões pagãs, onde se sacrificavam o filho primogênito aos deuses pagãos. Deus ao mandar Abraão matar seu filho, prova a obediência de seu servo, mas também mostra ao mundo, que esse ato brutal é errado e que, Ele, o grande Deus, condenava tais atitudes, mais uma vez ratificando a idéia de uma Deus da vida.

Ao trabalharmos esse tema em nossos grupos temos que destacar, não o homem Abraão, mas a fidelidade e obediência incondicional, o Deus da vida, todo poderoso.

Ao contrário de outros temas como a Criação, não há grande simbologia implícita nessa história, mas há sim uma grande história de amor, fidelidade, obediência e vida.

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Recomendo aos interessados adquirirem o livro "Bíblia: Perguntas que o povo faz", um belo suporte para nós catequistas.

Abraços a todos

Somos o sal da terra? Sabemos ser a luz no mundo?

Após um longo período de recesso, devido a atribuições, volto para refletir um pouco com vocês. A reflexão a seguir é de autoria de um amigo on-line, Frei Bento, participante do fórum "Religião e Espiritualidade" do Yahoo Respostas.

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A alguns dias a liturgia refletiu o evangelho de Mt 5,13-16.

Jesus nos faz seus discípulos-missionários, como nos chama o Documento de Aparecida..., somos todos discípulos e também missionários, e este discipulado se traduz em ações, somos o sal da terra, aquilo que dá o verdadeiro sabor ao mundo.

O Evangelho de João nos fala sobre Jesus, luz resplandece nas trevas, mas as trevas não a compreenderam.
E é para dissipar essas trevas da incompreensão que o Senhor nos envia , como luz, a luz que não pode ficar oculta , como luzes para iluminarmos o mundo, através de nossas boas obras.

O cristão que não iluminar , que não transparecer em seus atos os atos de Jesus, que não transbordar de luz o mundo, transforma a si mesmo e o mundo em trevas. Como aquelas em que vivem aqueles que não O compreenderam.

A sabedoria do cristão está em ser o sal que dá sabor na dosagem certa sem tornar amargo, e de ser a luz que ilumina sem cegar o outro.

Foi assim que Jesus agiu, e para ser assim que Ele nos enviou.

Somos sal da terra e luz do mundo, ou apenas somos amargura e espalhamos as trevas por onde andamos?

Bento, frade menor e pecador.

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Ser cristão, viver como cristão, vai além de nosso querer. É necessário doação incondicional a causa do Reino, ir e pregar o evangelho, fazendo brilhar a luz de Cristo que há em nós, temperando o mundo com um sabor suave, na medida certa, sem mais nem menos, e, esse equilibro, só conseguimos pela oração constante.

Abraços a todos