João Turista era um grande viajante.
Viajando, viajando, chegou um dia a um país em que as esquinas eram redondas e
os telhados não terminavam em ponta, mas em suaves curvas. Ao longo da rua,
havia um belo canteiro de roseiras, e João decidiu pegar uma rosa para colocar
no bolso de sua camisa. Enquanto tentava pegar a rosa descobriu que os espinhos não
machucavam, pois não tinham ponta, pareciam de borracha e faziam cócegas na
mão.
- Que coisa estranha! - disse João em
voz alta.
Nisso, apareceu um guarda, sorridente,
do outro lado do canteiro:
- Não sabe que é proibido cortar rosas?
- Desculpe, não sabia.
- Então pagará apenas meia multa -
disse o guarda, sempre sorridente.
João observou que o guarda escrevia a
multa com um lápis sem ponta.
- Que tipo de país é este? - perguntou
João.
- É o País sem Pontas - explicou o
guarda, cheio de amabilidade - e agora, por favor, dê-me duas bofetadas.
- De jeito nenhum! - disse João espantado.
- Não quero ser preso
por atentado contra a autoridade.
- Aqui é feito assim - explicou
amavelmente o guarda. - Uma multa inteira, quatro bofetadas, meia multa, duas.
- Bofetadas ao guarda? Isso não é
justo! É terrível!
- Concordo! - disse o policial. - É algo tão odioso que a gente pensa muito antes de fazer alguma coisa
contra a lei.
- É que eu não quero nem sequer
soprar-lhe no rosto. Em vez de duas bofetadas, vou fazer-lhe uma carícia!
- Nesse caso - concluiu o policial, -
terei que acompanhá-lo até a fronteira.
João, humilhadíssimo, foi obrigado a
abandonar o País sem Pontas. Mas, ainda hoje, sonha com poder regressar um dia,
para viver de uma maneira mais cortês, numa bela casa sem ponta.
(Gianni
RodariI)
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Perguntas para reflexão:
Quem é o guarda?
O que são as bofetadas?
Que país é este?
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