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quarta-feira, 7 de abril de 2010

A diferença entre a Bíblia Católica e a Bíblia Evangélica...


Será que sabemos de verdade qual é a diferença entre a "Bíblia Católica" e a "Bíblia Evangélica"?

Enquanto católicos sabemos que não é difícil sermos acusados de várias coisas, até mesmo de adulteração na bíblia. Uns dizem uma coisa, outros dizem outra, mas o que de fato a história diz?

Nesse artigo vamos falar da diferença entre a Bíblia Católica (com 73 livros) e a Bíblia Protestante (com 66 livros).

Vale ressaltar que essa diferença esta restrita apenas ao Antigo Testamento. No Novo Testamento as Bíblias são idênticas.

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A Formação do Cânon (livros da Bíblia)

Demoraram alguns séculos para que a Igreja Católica chegasse à forma final da Bíblia, com os 73 livros como temos hoje. Em vários Concílios, ao longo da história, a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Jo 16,12-13) estudou e definiu o Índice (cânon) da Bíblia; uma vez que nenhum de seus livros traz o seu Índice. Foi a Igreja Católica quem berçou a Bíblia. Garante-nos o Catecismo da Igreja e o Concílio Vaticano II que: “Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (Dei Verbum 8; CIC,120). Portanto, sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia. Santo Agostinho dizia: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (CIC,119).

Diferentemente da Bíblia Católica, a Bíblia Evangélica tem apenas 66 livros. Em 1522, no período da Reforma Protestante, Lutero e, principalmente os seus seguidores, rejeitaram os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14. (todos do Antigo Testamento). Vale lembrar que o Novo Testamento da Bíblia Católica e da Bíblia Evangélica contém os mesmos 27 livros, portanto, são idênticos.
  
Entendendo a história...
 
Por volta de 250 a 100 anos a.C (antes de Cristo), em Alexandria no Egito, havia uma influente colônia de judeus, vivendo em terra estrangeira e falando o grego. O rei do Egito, Ptolomeu, queria ter todos os livros conhecidos na famosa biblioteca de Alexandria; então mandou buscar 70 sábios judeus, rabinos, para traduzirem os Livros Sagrados hebraicos para o grego. Surgiu, assim, a versão grega chamada Alexandrina ou dos Setenta (Septuaginta), que a Igreja Católica sempre seguiu.

Depois de aproximadamente 200 anos, no ano 100 d.C. (depois de Cristo), os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim de definir a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começavam a surgir o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos, que os judeus não aceitavam. Nesse Sínodo, os rabinos definiram como critérios para aceitar que um livro fizesse parte da Bíblia, o seguinte: (1) Deveria ter sido escrito na Terra Santa; (dentro da Palestina), (2) Escrito somente em hebraico; (nem aramaico e nem grego - Novo Testamento inteiro), (3) deveria ser escrito antes de Esdras (455-428 a.C.); (4) não poderia haver contradição com a Torá ou lei de Moisés.

Esses critérios eram puramente nacionalistas, mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia em 537 a.C. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje não constam na Bíblia protestante, citados anteriormente.

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Havia, dessa forma, no início do Cristianismo, duas Bíblias judaicas: a de Alexandrina (completa – Versão dos LXX (Setenta), A.T. utilizado até hoje pela Igreja Católica e a da Palestina (Hebraica) - (restrita) e escrita 200 anos depois da Bíblia dos Setenta.

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Apesar dessas diferenças o Cânon do A.T. que os apóstolos utilizaram era a dos Setenta.

Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando inspirados (canônicos) os livros rejeitados em Jâmnia. Ao escreverem o Novo Testamento, utilizaram o Antigo Testamento, na forma da tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta era diferente do texto hebraico. O texto grego “dos Setenta” tornou-se comum entre os cristãos; e, portanto, o cânon completo, incluindo os sete livros e os fragmentos de Ester e Daniel, passaram para o uso dos cristãos. Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que mostra o uso da Bíblia completa pelos Apóstolos. Verificamos também que nos livros do Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram. Por exemplo: Rm 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9; Rm 13,1 a Sb 6,3; Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo 5,11; Mt 11,29s a Eclo 51,23-30; Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42; Ap 8,2 a Tb 12,15.

Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja (patrística) os livros rejeitados pelos protestantes (deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura. Assim, São Clemente de Roma, o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes.

Assim também o fez (citando os livros da Bíblia dos Setenta) o conhecido Pastor de Hermas, no ano 140, quando fez amplo uso de Eclesiástico, e de Macabeus II.

Santo Hipólito (†234) também comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura os livros de Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus.

Fica assim, muito claro, que a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os livros deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo. Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870) confirmaram a escolha.

Disse o último Concílio: “Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes.” (DV,8). Portanto, se negarmos o valor indispensável da Igreja Católica e de sua Sagrada Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia.

É interessante notar que o Papa São Dâmaso (366-384), no século IV, pediu a S.Jerônimo que fizesse uma revisão das muitas traduções latinas que havia da Bíblia, o que gerava certas confusões entre os cristãos. São Jerônimo revisou o texto grego do Novo Testamento e traduziu do hebraico o Antigo Testamento, dando origem ao texto latino chamado de Vulgata, usado até hoje.

Vemos, portanto, que a versão dos Setenta (100 a.C), utilizada pela Igreja Católica é completa e mais antiga que a versão Hebraica (dos judeus nacionalistas de Jâmnia) utilizada pelos evangélicos.


A Bíblia e os Protestantes

No século XVI, em plena reforma protestante, Martinho Lutero (1483-1546), para contestar a Igreja, e para facilitar a defesa das suas teses, adotou o cânon da Palestina (Hebraica) e deixou de lado os sete livros conhecidos (incluídos na Bíblia dos Setenta).

No entanto, estranhamento Lutero, quando estava preso em Wittenberg, ao traduzir a Bíblia do latim para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Bíblicas Protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia. Ora, se ele, a exemplo dos fariseus de Jâmnia, rejeitava esses livros, então porque traduzi-los?

Neste fato fundamental para a vida da Igreja vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a Bíblia como a temos hoje. Vale ressaltar também que os seguidores de Lutero não acrescentaram nenhum livro na Bíblia, o que mostra que aceitaram o discernimento da Igreja Católica desde o primeiro século ao definir o Índice da Bíblia.

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Atualmente alguns evangélicos, a fim de desacreditar e difamar a nossa Bíblia (completa), afirmam, a exemplo dos judeus de Jâmnia, que os livros que constam na Bíblia Católica não são expirados. Outros ainda afirmam que foram acrescentados a partir de 1545 (Concílio de Trento). E outros ainda afirmam que esses livros não foram utilizados pelos apóstolos. É importante saber também que muitos outros livros, que todos os cristãos têm como canônicos, não são citados nem mesmo implicitamente no Novo Testamento. Por exemplo: Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute.

Mais uma vez, DIANTE DOS FATOS APRESENTADOS, vemos que essas alegações são mentirosas, descabidas e possuem cunho político, não condizendo com a realidade. 

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Caros catequistas, ao trabalharem este encontro, citem as fontes e leiam as referências citadas pelos apóstolos. Leiam para os catequizandos alguns belos trechos do livro de Eclesiástico e do livro de Sabedoria, que constam somente em nossa Bíblia Católica.

De maneira alguma menosprezem a Bíblia utilizada pelos Protestantes, já que, mesmo incompleta, contém todos os livros utilizados em nossa Bíblia, portanto, também se trata da palavra de Deus, em toda a sua plenitude.

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O artigo acima citado tem por base várias fontes. Dentre elas a reflexão do Prof. Felipe Aquino da Canção Nova, a reflexão do Frei Paulo Avelino de Assis e o Livro do Catequista, da editora Paulus.

Outras fontes de referência:






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